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Entrevista | Claudio Jacoski analisa que Brasil necessita de reformas no ensino superior

Divulgação

Reitor da Unochapecó com mandato até 2024, Claudio Jacoski comanda uma das maiores universidades de Santa Catarina com muita cautela neste cenário de pandemia. Buscando inovações que permitam o desenvolvimento educacional mesmo diante da impossibilidade de todos alunos em sala de aula, Jacoski faz uma importante análise da Educação brasileira.

Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, o reitor da Unochapecó falou também sobre as questões democráticas, futuro da educação e seu futuro após encerrar os trabalhos universitários. Confira:


Marcos Schettini: Qual sua avaliação do ensino superior no Brasil neste momento?

Claudio Jacoski: O ensino superior do país está passando por um momento que suscita reformas. Nossa Lei de Diretrizes e Bases da Educação já tem 25 anos e muito aconteceu neste período que demandam novas estruturas organizacionais e uma rediscussão dos modelos vigentes. Se olharmos para países desenvolvidos e emergentes, será fácil entendermos que o modelo atual não responde mais às necessidades de desenvolvimento do país. Além disso, os governos passados abriram o mercado para instituições internacionais atuarem no país, e definirem modelos que se estabelecem com objetivo de lucro. Neste modelo não há nenhuma estratégia de desenvolvimento do país associada ao processo de evolução da educação. Por outro lado, temos o ensino público que não oferece condições justas de acesso (quem poderia pagar mensalidades não o faz), sendo um modelo injusto, que também pela sua estrutura egocêntrica pública não se sente envolvida em um projeto de desenvolvimento do país. Isso necessita avançar, pelo bem do futuro do Brasil.


Schettini: O ministro da Educação é uma liderança apagada e distante. Por quê?

Jacoski: Embora atuei como presidente da Acafe, e atualmente estou na Diretoria do CRUB (Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras), da ABRUC (Associação Brasileira de Universidades Comunitárias), o acesso ao gabinete do ministro tem se mostrado até certo ponto além do que se teve com outros ministros que já passaram pelo MEC. Temos em alguns momentos debatido alguns temas utilizando as ferramentas tecnológicas que se tornaram mais usuais com a pandemia. Ainda falta um tempo maior para entendermos qual é o planejamento de futuro que o MEC está preparando, se é que o tem.

Schettini: O Sr. vê o Brasil mais ignorante ou é um cenário cruel da realidade do país?

Jacoski: O Brasil poderia mudar o rumo de sua história se a Educação fosse prioridade. Vivemos tempos difíceis (ou estranhos, como disse um certo ministro do Supremo), pois hoje temos quase 25% de nossos jovens em idade adequada, fora da escola e fora do mercado de trabalho (aqueles que chamamos de nem-nem (nem estudam e nem trabalham). Isso sem falar nos efeitos da pandemia, que tirou muitos jovens da escola.


Schettini: Por que o acesso ao ensino superior é tão caro? Não desestimula a fuga das universidades?

Jacoski: Pois o país gasta muito errado. O gasto que se faz hoje em universidades públicas, é muito superior ao que fazem países desenvolvidos. Uma readequação neste orçamento, poderia permitir um financiamento mais adequado para que os jovens pudessem acessar o ensino superior. Se acharmos que uma mensalidade no patamar que está atualmente é cara, podemos ser surpreendidos quando avaliamos que a educação de ensino superior pública, custa 5 vezes mais do que a comunitária. É fácil ver que há algo de equivocado neste modelo.

Schettini: Qual é o preparo da Unochapecó em relação ao futuro? O que a instituição aguarda?

Jacoski: A Unochapecó como sempre o fez na história, vem preparando um futuro melhor e diferenciado para nossos estudantes. Lançamos recentemente o que chamamos de Abex (Aprendizagem Baseada em Experiências) em todos nossos cursos. Nossos estudantes estarão sendo preparados desde o início da sua formação para solucionar problemas da sua profissão na sociedade. Este modelo se soma a estratégia do Parque Científico e Tecnológico que começou recentemente suas atividades. A Unochapecó ganhará um novo impulso a partir do ano que vem, com todo o modelo estratégico implementado e em funcionamento.


Schettini: A imunização de professores da rede pública foi iniciada pelo Estado. E o setor privado?

Jacoski: Já começamos a imunizar nossos colaboradores (professores e técnicos administrativos). Neste sábado tivemos a alegria de ver a vacinação na Unochapecó, que inclusive, é bom registrar atingiu já a marca de dez mil pessoas vacinadas na nossa instituição, que cumpre um importante papel social e comunitário com a vacinação.


Schettini: É correto afirmar que aulas presenciais são do passado?

Jacoski: Creio que não. As aulas presenciais sempre ocorrerão, pois o modelo em EaD tem vantagens e desvantagens, assim como o presencial. O que se espera para os próximos meses é uma maior liberdade para a instituição definir a modalidade de sua atuação.


Schettini: Como o Sr. observa a democracia? Ela está ameaçada?

Jacoski: Como disse acima, vivemos momentos difíceis. Nosso país precisa encontrar um novo momento para oferecer alguma esperança para a população. A polarização que fomos submetidos, os processos de corrupção endêmica que vivemos nos últimos anos, a falta de uma organização mais perene e com foco na melhoria das condições para nossa população (e principalmente nossos jovens), seria um caminho que nos daria mais orgulho de sermos brasileiros (algo que aparentemente alguns fazem de tudo para que percamos esta condição).

Schettini: Qual é seu raciocínio sobre eleições de 2022 no Brasil e em SC?

Jacoski: Será uma eleição importante para o futuro do país e do Estado. Em relação ao Brasil, preocupa muito a possibilidade de termos um embate que coloque em xeque nossa economia, democracia e desenvolvimento futuro. Em Santa Catarina, o que se espera é que tenhamos mais espaço para nosso muito sofrido Oeste Catarinense, pois a litoralização do Estado ocorre em todas as entidades, organizações, obras e apoio.


Schettini: Defina o Brasil que se busca nas escolhas feitas do ano que vem? Qual é o melhor caminho?

Jacoski: Se busca um Brasil que dê esperança aos nossos jovens, que apresente um planejamento estruturado a longo prazo, que reduza a complexidade de nossa legislação (e quantidade), que ofereça um novo modelo educacional para o país, que permita a liberdade para as pessoas e que fortifique nossa economia.


Schettini: Quando terminar sua missão à frente da Unochapecó, o Sr. olha a vida pública?

Jacoski: Quando terminar minha missão frente a Unochapecó, uma escolha terá que ser feita. Nada se descarta, atuação acadêmica, atuação no setor público ou na iniciativa privada. Há um cabedal de conhecimentos adquiridos durante esta caminhada, vamos ver se será possível fazer uso para continuar a colaborar com a comunidade, como sempre o fiz.


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